A longevidade do ser
humano vem sendo, há décadas, objeto de estudo da ciência. O grande objetivo é
que o indivíduo possa viver cada vez mais e melhor.
A partir do
conhecimento adquirido ao longo do tempo, ampliou-se a consciência de que essa
sobrevida com qualidade depende, em grande parte, de um conjunto de ações
adotadas pelo próprio indivíduo ao longo de sua vida.
Nesse sentido, sem
sombra de dúvida, são fatores determinantes a alimentação e a chamada vida
ativa.
Ocorre que, com o
passar do tempo e a evolução tecnológica, o que se observa é exatamente o
contrário, ou seja, as pessoas, de modo geral, vêm se alimentando de maneira
cada vez mais inadequada e, mais que isso, levando uma vida cada vez mais
inativa.
Essa observação se
torna mais preocupante quando se constata que esses fatores que, em última
análise, são limitantes à vida, vêm atingindo o ser humano em faixas etárias
cada vez menores.
Especificamente em
relação à inatividade ou, em outras palavras, à vida sedentária, o que se
observa é que já em idade escolar, um número considerável de pessoas começa a
demonstrar pouco apreço pela atividade física. É bastante comum, em conversas
com adolescentes no colégio, ouvirmos relatos de que passam boa parte do dia
dormindo, ficando a prática de atividade física restrita às aulas de Educação
Física, isto quando delas participam.
A constatação óbvia é a
de que a menor solicitação de esforço físico proporcionada pela chamada vida
moderna foi determinante para a mudança de estilo de vida das pessoas, ao longo
do tempo, criando um fenômeno chamado “cultura do sedentarismo” o que adquiriu
tal vulto e, em amplitude mundial, que passou a ser considerado pelos órgãos
que estudam a saúde, em esfera nacional ou internacional (Organização Mundial
de Saúde, por exemplo), como problema de saúde pública, chegando a receber o
“título” de “mal do século” (século XX), pois, sabe-se que é fator determinante
para o surgimento ou agravamento de doenças que afetam grandemente a qualidade
de vida tais como o diabetes, a hipertensão arterial, doenças cardiovasculares
(que foram as responsáveis pelo maior numero de mortes ocorridas no século XX,
em âmbito mundial), a obesidade e alguns tipos de câncer.
Considerando esse
problema (o sedentarismo) que, por suas características, atinge o ser humano
cada vez mais precocemente e que, claramente, envolve risco futuro não só à
qualidade de vida, mas, à própria vida, entendemos que, desde cedo se devem adotar
ações no sentido de combater a chamada cultura do sedentarismo ou, em
contraponto, enfatizar, valorizar a cultura do movimento.
A família tem papel
fundamental, pois, sabe-se, por exemplo, que filhos de pais que possuem o
hábito de praticar atividade física, têm uma maior probabilidade de também
serem praticantes.
A escola, de maneira
geral e a disciplina de Educação Física, de modo específico também devem se
envolver nessa luta, adotando ações que levem os alunos a adquirirem
consciência sobre a importância da prática do movimento na busca da longevidade
e da qualidade de vida.
Torna-se fundamental
que se atue no sentido de desenvolver e aprofundar, junto aos alunos, conhecimento
sobre o movimento nas suas mais variadas vertentes culturais como as danças, as
lutas, o esporte, a ginástica, a recreação, etc.
É essencial, também,
que se utilize a prática de atividade física de maneira inclusiva, combatendo
preconceitos, desenvolvendo o respeito às diferenças e assim, facilitando e
desenvolvendo as relações humanas.
Mas, até em função de
todos esses aspectos, é fundamental que a prática do movimento seja valorizada,
não apenas nas aulas de educação física, mas, no ambiente e na rotina escolar
como um todo, não, obviamente, com a perspectiva da busca de alto rendimento,
mas, no sentido de que se incorpore à rotina da escola, a cultura do movimento
e também, de que se amplie e se desenvolva o chamado repertório motor dos
alunos.
Não se trata de
preconizar o desenvolvimento motor como único objetivo da escola, através,
sobretudo da disciplina de Educação Física, mas, que seja um deles, pois, é
notório que se sinta prazer quando se executa algo que se entende fazer bem
feito e, é também evidente que se torna mais fácil transformar em hábitos, práticas
que tragam prazer.
Partindo destas
premissas, ao trabalhar no sentido de ampliar e desenvolver o repertório motor
dos alunos, e de incorporar a prática da atividade física à sua rotina diária a
escola e, obviamente, a disciplina de Educação física estará criando condições
favoráveis ao desenvolvimento da referida “cultura do movimento”
instrumentalizando-os, assim, no sentido de incorporarem à sua vida, práticas
que, por serem fontes de prazer, terão maior possibilidade de se tornarem
hábito o que, em longo prazo, para além do prazer, irá proporcionar melhor qualidade
de vida e maior perspectiva de longevidade.
Prof. Clovis Coltre é Graduado em Educação Física pela USP e professor do Colégio Luiza de Marillac - Santana - São Paulo
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