segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Não é brincadeira

Está bem turma, vamos lá! Continuando a aula. Levante a mão quem, no colégio, já sofreu algum tipo de constrangimento, recebeu um apelido, foi perseguido ou deixado de lado de alguma atividade, conversa ou brincadeira.
Se essa aula estivesse acontecendo há 15 anos, seria apenas mais uma das previstas pelo planejamento do professor. Se estivesse acontecendo agora, em alguma escola do Brasil, seria, certamente, fruto da necessidade de interferência da comunidade educativa no processo de prevenção ao Bullying.
É isso mesmo, nos últimos 10 anos esse fenômeno social mundial tomou conta das escolas brasileiras, não sendo, entretanto, exclusividade do ambiente escolar, podendo acontecer em qualquer espaço comunitário, contudo, é na escola que tem presença garantida e se prolifera, na maioria das vezes, livremente, seja ela, primária ou secundária, pública ou particular, rural ou urbana. Segundo recentes pesquisas, uma em cada cinco crianças ou adolescentes relatam que já sofreram algum tipo de violência – física ou verbal – no ambiente escolar.
Na sociedade, vemos uma explosão de materiais abordando o tema. Reportagens nas redes de rádio e televisão, jornais e revistas semanais, cartilhas do Conselho Nacional de Justiça, dos Ministérios Públicos dos Estados, de organizações não governamentais, além de livros e muitos artigos. Sim, o assunto é sério. Tanto, que em 2010, o estado do Rio Grande do Sul aprovou lei anti-bullying.
Sem tradução para a Língua Portuguesa, o termo inglês refere-se ao verbo ameaçar, intimidar e caracteriza-se pela repetição de atos agressivos, verbais, físicos ou psicológicos por parte de um ou mais alunos contra um ou mais colegas, causando dor e angústia numa relação desigual de poder, fruto de um desejo deliberado e consciente de maltratar uma pessoa, colocando-a sob tensão. Se parece cruel ao lermos essas últimas linhas, tentem, num exercício imaginário, aproximarem-se e verificarem como se sente a vítima, uma criança ou adolescente que, na maioria das vezes, é o diferente, o indefeso ou o que se isola do grupo sendo vítima do agressor, muito provavelmente o “valentão”, o mais popular da turma.


As consequências para as vítimas são imprevisíveis, podendo acarretar sérios distúrbios no desenvolvimento psíquico. Para os agressores, a sensação de ter seus objetivos alcançados: humilhar, ridicularizar, intimidar, alguém escolhido só porque fala ou se veste de forma diferente, pela cor de cabelo ou pele, pela timidez ou dificuldade de socializar-se ou, até mesmo, por portar alguma deficiência física. Para quem testemunha esses atos de violência que a grande maioria são crianças e adolescentes, resta o medo de virem a ser a próxima vítima, sentindo-se intimidados, inseguros e indefesos. Assim, garantem-se outros tantos que sofrem em silêncio pelos corredores da escola.
No cotidiano escolar, são inúmeras as vezes que nos deparamos com crianças e adolescentes justificando seus atos de violência e de ridicularização dos colegas com a frase: “Era só uma brincadeira!” Quando um xinga, outro chora e os demais caem na risada, não é brincadeira!  Em uma brincadeira todos se divertem. Quando poucos se divertem às custas de outros que sofrem, isso é Bullying.
Com a mesma rapidez que se propagou no espaço escolar, o Bullying chegou à rede mundial de computadores em sua versão virtual, o Cyberbullying. Redes sociais, programas de mensagens eletrônicas, torpedos são os mecanismos usados para que a violência ultrapasse os muros da escola com o mesmo poder e eficiência devastadora.
As vítimas de Bullying apresentam sinais que devemos nos atentar, como por exemplo, não querer ir à escola, sentir-se mal próximo do horário de sair de casa, pedir insistentemente para trocar de escola, voltar para casa com livros ou roupas rasgadas, baixo rendimento escolar, isolamento e abandono dos estudos.
E como enfrentar esse mal silencioso? Identificando e denunciando o agressor, quebrando o silêncio, mobilizando toda a comunidade educativa para uma cultura de paz e de respeito às diferenças, implantando regras anti-bullying e a qualquer outro tipo de violência, envolvendo professores, funcionários, alunos e pais.
Devemos ficar atentos também, principalmente pais, para não banalizarmos o tema, achando que qualquer tensão havida nas relações escolares entre crianças e adolescentes seja Bullying. É muito importante entendermos que os desentendimentos, as discussões motivadas por uma brincadeira ou trabalho escolar, as amigas que ficam sem se falar por alguns dias por discordarem umas das outras, ou as marcas de mordidas são resultado da convivência e, como diz a Psicóloga Rosely Sayão, no seu mais recente artigo sobre Bullying... “Esses relacionamentos, mesmo conflituosos, são verdadeiras lições de vida para eles que, assim, aprendem a criar mecanismos de defesa, a avaliar riscos e, principalmente, a reconhecer as situações em que precisam pedir ajuda”.

Prof. Luis Fernando Bronzatto é Licenciado em Educação Física, Pedagogo e Diretor do Colégio Luiza de Marillac – Santana – São Paulo.

Dia do Surdo

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Histórias do Marillac

O ano era 1993. Estávamos, eu e o professor Marcos na sala dos professores, perto do final do ano. Havíamos terminado há poucos dias a segunda edição da nossa então nova Olimpíada Interna, uma das maiores entre todas as que realizamos até hoje. A festa de abertura foi enorme. As classes foram agrupadas e se apresentaram como escolas de samba o que demandou muito esforço do colégio como um todo.
Estávamos então, muito cansados e, num intervalo entre períodos de manhã e tarde, depois de um período inteiro de aulas, conversávamos sobre atividades que conhecíamos e que, além de atenderem aos objetivos específicos daquilo que eventualmente quiséssemos ensinar, fugisse às atividades rotineiras e, portanto, já bastante vivenciadas pelos alunos em nossas aulas.

Entre uma conversa e outra, ele me perguntou se eu conhecia o Beisebol. Eu respondi que conhecia um jogo recreativo que, como este, é composto por bases, mas, com algumas adaptações como, por exemplo, o golpe à bola que, neste caso, é dado com uma das mãos e, a própria bola que, ao invés de ser a tradicional do beisebol, é uma de voleibol com menor calibragem, e lhe perguntei se ele conhecia algo assim. Disse-me ele que, em seu período de faculdade, havia participado de um jogo semelhante, mas neste, o golpe à bola é dado com os pés.
Passamos a conversar sobre a possibilidade de adaptarmos os jogos que conhecíamos para a utilização no Colégio, criando um conjunto de regras que fosse conveniente à nossa realidade.
Lembramos, obviamente, que havia outros “jogos com bases” como é o caso do “base-quatro”, por exemplo, mas, nós queríamos algo que, apesar de ter como finalidade o percurso de um certo número de bases, por seus participantes, fosse um pouco mais elaborado, detalhado, em termos de regras.

Assim, com o que conhecíamos dos jogos mencionados e, tomando “emprestadas” regras de outros jogos tradicionais, como a “queimada”, o “jogo de taco” o próprio Beisebol e, é claro, o chute do nosso tão conhecido futebol, fomos dando forma a um jogo que acabou sendo batizado por ele (prof. Marcos) com o nome que é a junção de parte dos nomes de alguns jogos ou esportes que lhe cederam regras, “FUTBEIQUEIMADA” (futebol, beisebol e queimada) e que, desde então, há quase duas décadas, vem sendo praticado e, mais que isso, solicitado pelos nossos alunos, geralmente de maneira entusiasmada.
No início, era utilizado apenas em nossas aulas, normalmente como atividade para aquecimento ou em determinadas situações, como prática de movimentos a serem aprendidos (caso do chute e da recepção de bola, por exemplo). Algum tempo depois, observando o nível de motivação com que era praticado por nossos alunos, resolvemos que deveria integrar o conjunto de atividades da nossa Olimpíada interna, o que passou a acontecer a partir de 1995.
Esta é uma breve história do surgimento do nosso “FUTBEIQUEIMADA”, um jogo que, além de extremamente prazeroso e de envolver a prática de movimentos e o desenvolvimento de habilidades motoras, estimula a aquisição de competências como o “planejar”, a criação e adoção de estratégias, o atuarem em grupo, o nível de atenção, entre outras.

Prof. Clovis Coltre

terça-feira, 14 de junho de 2011

Ser diferente é normal!

Muito se fala sobre inclusão nas escolas brasileiras. E deve ser dito cada vez mais! O conceito de inclusão está presente na educação brasileira desde a lei de diretrizes e bases da educação nacional – LDB, de 1996. O fato é que um novo conceito, um novo momento, um fazer e estar diferente na escola não acontece da noite para o dia. Apesar de se tratar de algo extremamente importante a todos os personagens escolares e cidadãos, realmente não é rápido e fácil fazer acontecer. O tempo necessário para a preparação de um projeto norteador da estrutura mínima, da equipe, dos alunos, de seus familiares deve ser considerado pois se trata do aprontar-se minimamente para o sucesso da empreitada. Nesse artigo falarei sobre a experiência do Colégio Luiza de Marillac que tem passado pelo processo para atender alunos Surdos no ensino médio. Até o momento, o mais significativo na execução do projeto, e sentido por todos os gestores envolvidos, é a importância dos detalhes. E eles são realmente muito importantes. Um interruptor de luz que, para nós ouvintes, está em um lugar adequado pode não estar para o aluno Surdo e isso, consequentemente, pode desencadear desconforto, mal estar entre os alunos.
A barreira da comunicação não pode ser tratada como detalhe, muito ao contrário, ela é um dos pontos centrais do projeto, entretanto, fica em segundo plano quando se há boa vontade das partes envolvidas e quando os detalhes foram tratados adequadamente. Outro ponto central é a ideia de Educação Inclusiva. A partir da elaboração do projeto, todos nós, membros da comunidade educativa, passamos a nos alfabetizar para um novo mundo. O ser, o estar, o viver e o conviver passaram a ser pautados por novos hábitos, novos cuidados, novos conhecimentos. Uma mudança pra lá de radical. Um “radical humano”, que tem feito, no meu entendimento, muito bem a nós, ouvintes.
A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, reconhecida pela Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002, foi incluída na Grade Curricular de nosso colégio. Decisão que demonstra em uma primeira análise, a seriedade que encaramos o projeto. Nossos alunos, Surdos ou ouvintes, a partir do 9º Ano do Ensino Fundamental terão acesso a uma gramática própria, independente da Língua Portuguesa e a uma modalidade gestual-visual que é utilizada pela Comunidade Surda do Brasil. Além disso, funcionários e professores terão aula de LIBRAS com um professor Surdo. A estrutura conta também com intérprete da Língua Brasileira de Sinais.
A LIBRAS possibilita ao aluno Surdo, o desenvolvimento linguístico, social e intelectual, favorecendo seu acesso ao conhecimento cultural e científico, assim como sua interação social. Ao aluno ouvinte, a LIBRAS possibilita, ao menos, o conhecimento de mais uma língua em seu currículo. Acredito, entretanto, acrescentar mais, muito mais. A LIBRAS é o mecanismo poderoso para quebrar as barreiras da comunicação entre Surdos e ouvintes, fazendo com que atinjamos assim o maior objetivo de nosso projeto, a inclusão. Todos juntos, influenciando e sendo influenciado pelos conhecimentos e particularidades individuais de cada qual envolvido no processo.
A busca de uma sociedade mais justa, mais democrática, mais igualitária, passa necessariamente pelo entendimento de nossas crianças e jovens que, de fato, todos somos iguais e merecedores de respeito, de amor, de carinho, de solidariedade, de compreensão e de amizade. Como disse, há algumas linhas atrás, o estar, o viver e o conviver com o outro que é diferente de mim, me dá uma certeza: a de que somos iguais. Que temos os mesmos anseios, as mesmas dúvidas, os mesmos medos e que as mesmas coisas nos dão alegrias e as mesmas outras, tristezas.
Um projeto para uma educação inclusiva e em favor da vida é tudo isso e muito mais. Isso tudo que relatamos e mais que certamente descobriremos durante o fazer.
Para a história do Colégio Luiza de Marillac, haverá, para sempre, uma escola antes e uma escola depois do projeto de inclusão social que nos orgulha muito.
E para nós, educadores, ser, de fato, um agente de mudança da sociedade é algo que nos faz sentir plenos, realizados pessoalmente e profissionalmente.


Prof. Luis Fernando Bronzatto é Licenciado em Educação Física, Pedagogo e Diretor do Colégio Luiza de Marillac – Santana – São Paulo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Abrigo dos Velhinhos Frederico Ozanam

Em setembro de 2010 realizamos na escola a Gincana Bíblica Solidária, que envolveu toda nossa comunidade. Uma das provas era a arrecadação de produtos de higiene pessoal, que foi entregue ao “Abrigo de Velhinhos Frederico Ozanam” pelas equipes vencedoras: 7º ano do Ensino Fundamental e 2ª série do Ensino Médio.

Foi uma manhã de dezembro inesquecível! Fomos recebidos com muita alegria pela responsável pelo abrigo que nos mostrou toda a casa, contou-nos sobre os trabalhos voluntários lá desenvolvidos, as doações recebidas e no caminhar do grupo tivemos o primeiro contato com as idosas. Os momentos foram de muita emoção e carinho, de troca de experiências e acima de tudo, de valorização da vida.
Com certeza, depois dessa visita, o nosso Natal teve um brilho especial. Ações como esta nos tornam mais completos e realizados.

Profa. Miriam Rodrigues Paulino Izique

terça-feira, 17 de maio de 2011

Você sabe o que é LIBRAS?

   
Já viu alguém se comunicando através de sinais? Você conhece algum Surdo que usa LIBRAS? Você já aprendeu LIBRAS?
Mas afinal, o que é LIBRAS? LIBRAS é a sigla da Língua Brasileira de Sinais.
Uma língua reconhecida pela Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002, que tem gramática própria independente da Língua Portuguesa, modalidade gestual-visual e é utilizada pela Comunidade Surda do Brasil.
A Língua Brasileira de Sinais possibilita o desenvolvimento linguístico, social e intelectual do Surdo, favorecendo seu acesso ao conhecimento cultural e cientifico, bem como sua interação social.

Em 2011, o Colégio Luiza de Marillac trouxe uma novidade para seus alunos, incluindo LIBRAS como disciplina na grade curricular do 9º ano do Ensino Fundamental e 1ª série do Ensino Médio, ministrada por um professor Surdo. Isto porque a escola está recebendo alunos Surdos e quer que eles sejam incluídos no sistema mantendo a qualidade do ensino. O Colégio Luiza de Marillac também oferece curso de LIBRAS aos funcionários e professores.
Essa iniciativa traz possibilidades de integração entre ouvintes e Surdos dentro do ambiente escolar e fora dele, mostrando o respeito à diversidade humana. Como afirma Terje Basilier, psiquiatra Surdo norueguês:
“Quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceito a pessoa. Quando eu rejeito a língua, eu rejeitei a pessoa porque a língua é parte de nós mesmos. Quando eu aceito a Língua de Sinais, eu aceito o Surdo, e é importante ter sempre em mente que o Surdo tem o direito de ser Surdo. Nós não devemos mudá-los, devemos ensiná-los, ajudá-los, mas temos que permitir-lhes ser Surdo.”

Tiago Codogno Bezerra
Professor Surdo

quinta-feira, 24 de março de 2011

Dia Mundial da Água

Nos encontros promovidos pelo colégio, alunos, professores e funcionários aproveitaram para refletir sobre o tema.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher

Alunos da 1ª Série do Ensino Médio fizeram apresentações em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Além de uma apresentação artística, cantaram a música MULHER, de Erasmo Carlos, em Libras.